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Dentre as principais vantagens deste tipo de execução de fundação está a boa mobilidade do equipamento de escavação

Canal Solar Recomendacao de estaca escavada para estruturas de paineis f
Este tipo de execução otimiza o cronograma geral da obra

A fundação tipo estacada escavada é uma das melhores recomendações para execução de fundação para estruturas de solo e carport fabricadas pela SSM do Brasil, empresa atuante no mercado de estruturas metálicas para painéis fotovoltaicos.

A companhia busca, por meio do seu setor de engenharia em parceria com setor de desenvolvimento de novos produtos,  atender de forma especializada cada projeto, estudando as opções técnicas e tecnológicas disponíveis no mercado.

No que tange a fundação, nos baseamos no conhecimento técnico dos nossos engenheiros, nos conceitos técnicos normativos como também nos feedbacks dos clientes integradores e instaladores.

Dentre as principais vantagens deste tipo de execução de fundação estão:

  • Boa mobilidade do equipamento de escavação;
  • Permite adequado controle de qualidade e rapidez de produção que otimiza o cronograma da obra;
  • Possibilita a amostragem de conferência do solo escavado, confrontando com a sondagem SPT;
  • Oferece ausência de vibração, podendo ser executada próximo à divisa sem danos às construções vizinhas;
  • Permite uma segura avaliação de capacidade de carga da estaca, mediante dimensionamento baseado em análise do ensaio à percussão tipo SPT;
  • Pode ser usado tanto para fundações rasas (diretas) como profundas (indiretas);
  • Tem possibilidade de perfuração tanto manual por meio de trado concha (escavadeira) como escavação mecânica com equipamento móvel sobre rodas ou sobre esteiras ou escavação mista;
  • Resiste a cargas elevadas (até 100 KN);
  • Pode ser executado em locais inclinados e que não possui nível de água (lençol freático);
  • Otimiza o cronograma geral da obra;
  • Se destaca com menor custo final se comparado às demais modalidades de fundação.

O primeiro passo seria a locação da estaca por meio de gabarito de acordo com o projeto. Antes de iniciar a escavação recomenda-se fazer um gabarito com esquadro e linhas de eixo e efetuar a locação por meio de prumo de centro. Por fim, é prudente colocar um piquete de madeira no centro (eixo) da estaca.

O segundo passo seria a escavação com escavadeira até atingir um metro de profundidade e prosseguir a escavação com trado do tipo concha manual ou mecânico até a cota de projeto.

A perfuração é feita com trado curto acoplado a uma haste até a profundidade especificada em projeto, devendo-se confirmar as características do solo por meio da comparação com a sondagem mais próxima. Quando especificado em projeto, o fundo da perfuração deve ser apiloado com soquete.

Não há uma profundidade padrão para fundações de usinas solo e carport, deve-se atentar para as considerações de projeto em detalhamento e notas, podendo variar o diâmetro de ø25 a ø 40cm e profundidade 100 cm a 500 cm, inclusive no mesmo empreendimento.

A concretagem deve ser feita no mesmo dia da perfuração ou no máximo em 24 horas, por meio de um funil que tenha comprimento mínimo de 1,5 metro. A finalidade deste funil é orientar o fluxo de concreto.

Os concretos destinados à fundação devem seguir a condição de preparo estabelecida na NBR 12655. Misturas realizadas em central de concreto ou em caminhão betoneira devem seguir o disposto na NBR 7212.

Os materiais utilizados na fabricação do concreto, como cimento Portland, agregados, água e aditivos, devem obedecer às respectivas normas brasileiras específicas. Atenção especial para o tipo do cimento.

O recebimento e aceitação do concreto devem ser realizados conforme procedimentos descritos na NBR 12655, com atenção especial ao Ensaio de Compressão e Ensaio de Consistência.

As estacas não sujeitas a tração ou a flexão considerável possuem apenas arranque/ligação por meio do pilar metálico em perfil “C” (conforme especificação de projeto de estrutura – isopleta), sem função estrutural, colocado imediatamente após a concretagem em profundidade padrão de 600 mm na estaca, podendo variar de 400 mm a 700 mm enterrado, dependendo da irregularidade do terreno, por definição específica para o empreendimento pelo engenheiro calculista. Importante atentar para medida do primeiro furo no pilar da estrutura para fixação da tesoura com medida padrão de 800 mm para extremidade inferior.

No caso de estacas submetidas a esforços de tração, horizontais ou momentos, a armadura projetada deve ser colocada no furo antes da concretagem, com estribos, deixando a armadura de arranque acima do solo, conforme definição do projeto de fundação.

Recomenda-se virar a ponta da armadura com mínimo de 10 cm para que fique dentro do bloco de coroamento (em caso de carport) ou na base quadrada no diâmetro da estaca (em caso de usina solo). Recomenda-se o uso de espaçador circular plástico para atender o recobrimento previsto no projeto.

Para ligação da estaca com o bloco de coroamento devem ser observadas a cota de arrasamento e o comprimento das esperas (arranques) definidos em projeto. O trecho da estaca acima da cota de arrasamento deve ser demolido.

A seção resultante deve ser plana e perpendicular ao eixo da estaca e a operação de demolição deve ser executada de modo a não causar danos. Caso haja concreto inadequado abaixo da cota de arrasamento, o trecho deve ser demolido e recomposto. O material a ser utilizado na recomposição deve apresentar resistência não inferior à do concreto da estaca.

No caso de comprimento de arranque inferior ao de projeto, deve-se executar emenda por traspasse ou transpasse e solda, conforme procedimento descrito na NBR 6118.

No diário de obra, ou documento similar, devem ser registradas as seguintes informações:

  • Identificações gerais: obra, local, nome do operador, executor, contratante;
  • Data da execução;
  • Identificação da estaca: diâmetro, nome ou número conforme Projeto de Fundação;
  • Comprimento de perfuração;
  • Comprimento da armadura;
  • Desvio de locação (se houver);
  • Consumo médio de concreto por estaca, com base no volume de concreto do caminhão betoneira; • Características da perfuração (manual/mecânica);
  • Horário de início e fim da perfuração;
  • Horário de início e fim da concretagem;
  • Posicionamento da armação;
  • Observações relevantes;
  • Nome e assinatura do executor, da fiscalização e do contratante final.
  • Estacas com espaçamento inferior a três x diâmetros da estaca broca, devem ser executadas em intervalo superior a 12 horas;
  • Pelo menos 1% das estacas, e no mínimo uma por obra, deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento para verificação da sua integridade e qualidade do fuste;
  • Recomenda-se que seja executado a estaca escavada sempre acima do nível do lençol freático para evitar o risco de estrangulamento do fuste;
  • Devido ao esforço crescente à medida que a escavação avança é recomendado ao menos duas pessoas para execução do trabalho.
  • É muito importante haver a compactação e a limpeza do fundo das estacas escavadas para garantir a resistência de ponta.
Figura 1

Figura 1: Sequência executiva da estaca manual

figura 2 e 3

Figura 2: Trado manual concha (à esquerda); Figura 3: Trado mecânico a combustível (à direita)

figura 4

Figura 4: Máquina perfuratriz

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

FONTE: Recomendação de estaca escavada para estruturas de painéis fotovoltaicos (canalsolar.com.br)

Planta terá capacidade de 4 GW e alimentará futura fábrica de hidrogênio verde

A empresa de energia solar Solatio anunciou nesta terça, 4, que construirá uma usina de energia solar com capacidade de gerar 4 GW. Será a maior planta do tipo já feita no Brasil.

A nova unidade ficará em Bom Princípio do Piauí, na região de Parnaíba, no norte do estado. A energia será usada para alimentar uma fábrica de hidrogênio verde da Solatio, que tem previsão de entrar em funcionamento em 2028, na mesma região. O investimento será de R$ 10 bilhões.

“Vamos começar a construção em 2025, e a entrega será em janeiro de 2028, para coincidir com a entrega da fábrica de hidrogênio”, disse Pedro Vaquer, presidente da Solatio. O anúncio foi feito durante a Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), em Teresina, nesta terça, 4.

Um memorando de entendimento foi assinado com o governo do Piauí para a instalação da planta. Um grupo de proprietários de terrenos onde ficará a obra também assinou contratos com a Solatio.

“O estado do Piauí todo consome 750 MWh. Estamos falando de um projeto que só em um ponto vai consumir 3 mil MWh”, completa Vaquer.

Atualmente, a maior usina de energia solar no país fica em Janaúba, MG, e tem 1,6 GW de capacidade. Essa medida significa o máximo de potência de geração de cada unidade de produção de energia solar.

A produção da nova usina será usada apenas para a fabricação de hidrogênio e deve fazer com que a Solatio consiga ter energia própria suficiente para alimentar a fábrica. Ter um suprimento contínuo e barato de energia é fundamental para o negócio.

“O custo da energia responde por 80% do valor do hidrogênio verde”, diz Victor Hugo Ricco, gerente de desenvolvimento de negócios da Eletrobras.

O projeto da Solatio começará a ser construído no começo de 2025 e a construção terá seis fases, de 1,9 GW de produção de hidrogênio em cada uma delas, até chegar ao total de 11,4 GW.

Além da Solatio, há outro projeto de hidrogênio no Piauí, da Green Energy Park, com capacidade de gerar 10,8 GW. Ele está na fase de elaboração dos projetos de engenharia.

A expectativa é que os dois projetos, somados, tragam R$ 200 bilhões em investimentos até a próxima década, com geração de 20 mil empregos.

O que é hidrogênio verde?

O hidrogênio pode ser usado como combustível em várias funções, por exemplo, mover motores, aquecer caldeiras em fábricas e como ingrediente em processos industriais, como a produção de fertilizantes.

A matéria-prima para produzir o gás hidrogênio é a água — cuja molécula é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

Por um processo de eletrólise, que usa energia elétrica, o hidrogênio que compõe a água é separado do oxigênio. Se a origem da energia usada neste processo for de fontes limpas, como solar, eólica ou hidrelétrica, o produto ganha o selo de hidrogênio verde.

Como o Brasil possui energia de fonte hidrelétrica em grandes quantidades, além de várias plantas de produção de energia eólica e solar, o país tem grande potencial para produzir hidrogênio verde.

Quem compra hidrogênio verde na prática está levando energia limpa. É como se os europeus pudessem importar a energia gerada pelo sol e pelo vento para usar em seus países.

Fonte: Solatio fará a maior usina de energia solar do Brasil no Piauí | Exame.

Usinas farão parte do Complexo Solar Santa Luzia; financiamento deve chegar na casa dos R$ 400 mi

Autor: Frederico Tapia3 de maio de 2024 Brasil

3 minutos de leitura

Os projetos somam ao todo 200 MW de potência. Foto: Freepik/Reprodução

A Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) aprovou a consulta do Grupo Rio Alto Energias Renováveis para financiar a construção de quatro usinas fotovoltaicas no município de Santa Luzia (PB). 

O pedido de financiamento é da ordem de R$ 400 milhões, com recursos do FDNE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste). Ao todo, serão mais de R$ 680 milhões em investimentos no projeto.

“Estimular a transição energética é uma premissa de sustentabilidade não apenas para o Nordeste, mas também para o Brasil. Este é um potencial da nossa região e as empresas que atuam neste mercado enxergam a Sudene como uma parceira forte para consolidar novos empreendimentos”, comentou Danilo Cabral, superintendente da Sudene.

As quatro usinas, denominadas Rio Alto XVIII, XIX, XX e XXI, somam, ao todo, 200 MW de potência. Elas vão integrar o Complexo Solar Santa Luzia, composto por 21 parques.

A expectativa é gerar cerca de 1350 empregos, tanto diretos quanto indiretos na fase de construção. Após a construção, 86 postos de trabalho serão ocupados, 21 diretos e 65 indiretos.

O grupo Rio Alto também informou o desenvolvimento de ações sociais e ambientais associadas aos empreendimentos. Entre as iniciativas estão: a distribuição de cartilhas didáticas para escolas locais, a doação de insumos e materiais recicláveis para famílias da zona rural além da oferta de cursos na área socioambiental.

O grupo agora deve apresentar o projeto a uma instituição financeira credenciada como operadora dos recursos do FDNE, que então fará uma análise técnica, econômica, financeira e de risco. No caso de aprovação pelo banco, o projeto retorna para a superintendência. 

Neste momento, a diretoria colegiada deliberará sobre a autorização do financiamento.

“O Fundo de Desenvolvimento do Nordeste tem chamado cada vez mais atenção dos investidores que desejam estabelecer suas empresas na área da Sudene. Isso é resultado do nosso esforço de ampliar a divulgação e a capilaridade dos recursos, chegando cada vez mais próximo dos empreendedores”, disse Heitor Freire, diretor de fundos, incentivos e de atração de investimentos da Sudene.

Energia solar na Paraíba

Atualmente, o estado conta com 1,04 GW em capacidade instalada na fonte solar. Deste total cerca de 0,38 GW são em GD (geração distribuída) e os outros 0,66 GW em GC (geração centralizada). Além disso, ainda existem outros 3,77 GW outorgados em projetos de GC na Paraíba.


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Fonte: SUDENE aprova consulta de financiamento de parques solares na PB (canalsolar.com.br)

Montes Claros recebe, no dia 1º de junho, o Minas Solar 2023

Sebrae Minas e Genyx promovem evento gratuito que visa inserir os pequenos negócios na cadeia de geração distribuída de energia fotovoltaica

Por Redação

Montes Claros, no Norte do estado, recebe em 1º de junho o Minas Solar, iniciativa do Sebrae Minas e da Geyx Solar que tem o objetivo de estimular a geração de energia limpa e inserir, de forma competitiva e sustentável, pequenos negócios mineiros na cadeia de geração distribuída de energia solar fotovoltaica. O evento, considerado um dos maiores encontros do segmento no estado, ocorrerá das 8h às 18h, na Associação Comercial e Industrial de Montes Claros (ACI), e os interessados podem se inscrever gratuitamente por meio deste link.

A programação conta com especialistas no setor, que irão debater sobre perspectivas e tendências da energia solar; gestão, vendas, operação e manutenção de usinas solares; políticas públicas para o setor; novo marco legal da GD; o papel dos bancos sobre a abertura de crédito e financiamento para o setor. Estarão reunidos integradores – empresas prestadoras de serviço no mercado de energia -, distribuidores, fabricantes, profissionais do setor e gestores públicos.

O analista do Sebrae Minas Walmath Magalhães afirma que o evento é uma oportunidade para empreendedores que desejam ingressar em um dos setores mais promissores do Norte de Minas. “O uso sustentável da energia limpa e os investimentos na cadeia fotovoltaica são uma grande alternativa para economia regional. O sol é nosso aliado”, ressalta.

Cenário promissor

Com 414,3 mil habitantes, Montes Claros possui fortes índices de irradiação solar, pouca nebulosidade e boa oferta de terras. Esses fatores contribuem para que o município seja ideal para a instalação de usinas solares fotovoltaicas. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), trata-se da quinta cidade de Minas Gerais com maior quantidade de sistemas fotovoltaicos instalados, e a terceira com maior potência instalada (KW), com cerca de 63 MW. São 5.844 conexões operacionais, beneficiando 7.500 unidades consumidoras que recebem créditos no segmento de geração distribuída, que são as usinas de micro e mini geração de até 5 MW.

Minas Gerais é o segundo estado com maior potência instalada de geração distribuída de energia solar, seja em telhados ou pequenos terrenos com cerca de 2,7 gigawatts (GW) em operação. O território mineiro responde sozinho por 13,5% de toda a potência instalada de energia solar no Brasil e possui mais de 240 mil conexões operacionais, espalhadas por 853 cidades, cobrindo 100% do território mineiro. Atualmente, são mais de 320 mil unidades consumidoras que se beneficiam da energia solar para redução na conta de luz, com maior autonomia e confiabilidade elétrica.

Nacionalmente, os dados indicam que o Brasil possui mais de 20 gigawatts (GW) de potência instalada de geração distribuída em residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos. O país possui, atualmente, cerca de 1,9 milhão de sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede.
Minas Solar pelo estado

O Minas Solar 2023 teve sua primeira edição em Janaúba, no mês de março, e, na sequência, foi realizado em Governador Valadares, Belo Horizonte e Teófilo Otoni. Após Montes Claros, percorrerá outras cinco cidades durante o ano. São elas: Arinos (21/6), Itajubá (20/7), Juiz de Fora, (3 ou 10/8), Uberlândia (21/9) e Itaúna (26/10).

SERVIÇO

Minas Solar em Montes Claros

Data: 1º de junho

Horário: 8h às 18h

Local: Associação Comercial e Industrial de Montes Claros (ACI) – Avenida Major Alexandre Rodrigues, 232 – Ibituruna

Inscrições e informações: https://www.sympla.com.br/evento/minas-solar-montes-claros/1948785

ssessoria de Imprensa | Prefácio Comunicação

Cida Santana – (38) 99271615 | (38) 99100 4590

cidasantana@prefacio.com.br

Flávia Ferraz – (31) 98661-1272

flavia@prefacio.com.br

Fonte: Montes Claros recebe, no dia 1º de junho, o Minas Solar 2023 | ASN Minas Gerais – Agência Sebrae de Notícias (agenciasebrae.com.br)

País acrescentou quase 12 GW de capacidade instalada na fonte fotovoltaica, mostra levantamento da Absolar; confira o ranking mundial

09/04/2024, 10:07:14

Por: Ricardo Casarin

O Brasil foi o quarto maior mercado de energia solar do mundo em 2023, mostra levantamento do Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com base em dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês). O país adicionou 11,9 GW de potência da fonte no ano passado, sendo superado apenas pela China, Estados Unidos e Alemanha.

Os números consideram a somatória das grandes usinas solares (geração centralizada) e dos sistemas de geração própria de pequeno e médio porte (geração distribuída). Conforme a associação, o desempenho do mercado brasileiro ao longo de 2023 representa mais de R$ 59,6 bilhões em investimentos, um crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2022.

Em relação a potência acumulada, o Brasil assumiu a sexta colocação, com 37 GW de capacidade instalada, ganhando duas posições em relação a lista de 2022, ultrapassando Itália e Austrália. Esse ranking também é liderado pela China, seguida pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia.

Leia mais: Brasil alcança 6ª posição no ranking global de energia solar

Segunda principal fonte do país

Atualmente, em abril de 2024, a energia solar já supera 41 GW no Brasil e é a segunda maior fonte de eletricidade do país, respondendo por 17,4% da matriz elétrica nacional, sendo superada apenas pela fonte hídrica.

Conforme a Absolar, o setor é responsável por mais de R$ 195 bilhões em investimentos, que geraram mais de 1,2 milhão de empregos. Para o CEO da entidade, Rodrigo Sauaia, a solar fotovoltaica é a fonte renovável mais competitiva do país, sendo uma forte locomotiva para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Leia mais: Energia solar supera 41 GW de capacidade instalada no Brasil

“O crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e o avanço brasileiro nesta área é destaque internacional. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e assume cada vez mais protagonismo neste processo de transição energética e combate ao aquecimento global”, explicou o dirigente.

O presidente do conselho de administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk, ressaltou que, além de ser uma fonte competitiva e limpa, a maior inserção da energia solar é fundamental para o País reforçar a sua economia e impulsionar a sustentabilidade no Brasil e no mundo.

“A fonte solar é um verdadeiro motor de desenvolvimento sustentável, que atrai capital, traz divisas, gera grandes oportunidades de negócios, cria novos empregos verdes e amplia a renda dos cidadãos”, apontou Koloszuk.

Países que mais adicionaram energia solar em 2023:

  1. China: 216,9 GW
  2. EUA: 24,8 GW
  3. Alemanha: 14,2 GW
  4. Brasil: 11,9 GW
  5. Índia: 9,7 GW
  6. Itália: 5,2 GW
  7. Espanha: 4,8 GW
  8. Japão: 4,0 GW
  9. Austrália: 3,7 GW
  10. Polônia: 3,6 GW

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

Fonte: Brasil foi o 4º maior mercado de energia solar do mundo em 2023 | Portal Solar

Energia limpa vive boom global e no Brasil e ´cria´ 36 novas usinas de Itaipu

Investimentos no setor devem somar o equivalente à metade do PIB brasileiro em 2030

Foto Notícia

O mundo adicionou 50% a mais de capacidade na geração de energia limpa no ano passado em relação a 2022. No total, foram acrescentados 510 gigawatts (GW), com a energia solar fotovoltaica respondendo por três quartos das adições em todo o mundo.

Os 510 GW equivalem a mais de 36 novas usinas de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo, com potência instalada de 14 GW. A maior barragem, da usina chinesa Três Gargantas, tem capacidade para 22,5 GW.

Numa corrida inédita por fontes de energia renovável e limpa (que inclui a nuclear), os próximos cinco anos terão o crescimento mais acelerado da história deste mercado, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

O boom de investimentos deve triplicar, até 2030, a capacidade de geração de energia limpa em 130 países, gerando 3.700 GW adicionais, o equivalente a 264 usinas de Itaipu. Energias solar e eólica —as mais promissoras no Brasil— serão responsáveis por 95% da expansão global.

Segundo relatório da Standard & Poor’s Global Commodity Insights, os investimentos na área subirão de US$ 640 bilhões em 2023 para US$ 800 bilhões neste ano. Em 2030, os aportes globais devem atingir US$ 1 trilhão, o equivalente a cerca da metade do atual PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. A PricewaterhouseCoopers estima que este valor já pode ter sido superado.

energia solar deve ser responsável por 55% do investimento total nos próximos anos, prevê a S&P. A eólica onshore (em terra) vem em seguida. As áreas em que há maior aceleração de investimentos (não os maiores valores), porém, são as de armazenamento de energia em baterias e a de eletrólise —empregada na produção do hidrogênio verde.

Neste percurso, segundo a Agência Internacional de Energia, algumas fronteiras serão ultrapassadas nos próximos cinco anos. Entre elas, o fato de o planeta caminhar para adicionar ao fim do período mais capacidade de gerar energia limpa do que tudo o que produz anualmente desde que a primeira usina hidrelétrica comercial foi inaugurada há mais de cem anos.

Ao fim deste ano, as energias solar e eólica estarão gerando mais eletricidade do que as hidrelétricas. Espera-se que a implantação dessas duas fontes no Brasil, nos Estados Unidos, na União Europeia e na Índia mais que duplique, até 2028, a geração na comparação com os últimos cinco anos.

Outro marco histórico é que, a partir do ano que vem, as fontes de energia limpa ultrapassarão o carvão mineral para tornarem-se as maiores geradoras de eletricidade. Daqui a cinco anos, segundo as projeções da AIE, as fontes de energia limpa representarão mais de 42% da eletricidade global —com a participação das eólica e solar dobrando para 25%.

Neste cenário, o Brasil se destaca com o aumento da capacidade de geração a partir da luz solar e de ventos; enquanto a Europa e os Estados Unidos também atingiram níveis recordes. Hoje, o Brasil já tem a maior parcela de sua geração a partir de energia limpa, com a primazia das hidrelétricas.

Mas é a China que será a protagonista do aumento da oferta interna de energia limpa e da transição energética histórica em curso. O país responderá por quase 60% da nova capacidade que deve estar operacional globalmente até 2028. Apesar da eliminação progressiva de programas estatais de subsídios em 2020 e 2021, a implantação de energia eólica e solar onshore continua acelerando.

No final de 2028, quase metade da geração de eletricidade da China virá de fontes de energia limpa. Em 2023, o país comissionou tanta energia solar quanto o mundo todo o fez em 2022.

Vem da China também a grande oportunidade de expansão da energia solar no resto do mundo, sobretudo no Brasil. Segundo Ronaldo Koloszuk, presidente da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), há atualmente uma superoferta de painéis solares no país asiático.

Segundo a AIE, os preços médios dos painéis no mercado internacional despencaram mais de 50% em relação a um ano atrás. Ao fim de 2024, a capacidade de produção global destas peças deve atingir 1.100 GW, excedendo significativamente a demanda.

Estima-se também que 96% das novas plantas de energia solar e eólica onshore instaladas no ano passado tiveram custos menores do que as novas plantas de geração por carvão mineral e gás natural. Além disso, três quartos das novas centrais eólicas e solares despacharam energia mais barata do que as instalações existentes de combustíveis fósseis.

“Este parece ser o melhor momento para investimentos em energia solar”, afirma Koloszuk, que prevê aportes de R$ 38,9 bilhões neste ano, com a geração de 281,6 mil empregos. Esses investimentos devem adicionar 9,3 GW de potência instalada ao sistema solar brasileiro, que passará a contar com 45,5 GW —26% acima da capacidade atual e o equivalente a mais de três usinas de Itaipu.

Desses 45,5 GW, 31 GW referem-se a pequenas e médias unidades, em residências e empresas. Segundo Koloszuk, a energia solar cobre atualmente só 3,6% do equivalente ao total de 92 milhões de contas de luz no Brasil, o que mostra seu potencial de crescimento.

Na energia eólica, o Brasil encerrará 2024 com capacidade instalada de 32,8 GW; e a previsão é que chegue a 55,4 GW (quatro usinas de Itaipu) até 2029 . Diferentemente dos painéis solares, em sua maioria importados, 80% das turbinas para energia eólica são fabricadas no Brasil.

Segundo Elbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica, que reúne as empresas do setor, o crescimento na área tem sido “exponencial”. “A cada ano superamos os recordes de produção do período anterior”, afirma.

Pelos cálculos da ABEEólica, cada 1 GW de energia eólica instalada corresponde a investimentos de R$ 7 bilhões e à criação de 11 mil empregos. “Como a maior parte da produção das turbinas ocorre no Brasil, seu efeito multiplicador na economia é enorme”, diz Gannoum.

O Brasil tem hoje 1.003 parques eólicos, com quase 11 mil aerogeradores em operação, que podem abastecer mais de 41,5 milhões de residências por mês. Há predominância no Nordeste, onde a maior parcela da energia consumida vem desta fonte.

Na área de biocombustíveis (etanol e biodiesel), a AIE prevê que o Brasil responderá por 40% da expansão global na produção até 2028. Segundo o órgão, a adição de capacidade no mundo, especialmente em Brasil, Índia e Indonésia, ocorrerá 30% mais rapidamente do que nos últimos cinco anos.

Apesar dos avanços na área, o Brasil segue aumentando a extração de petróleo. Segundo Bráulio Borges, economista da LCA e pesquisador do FGV Ibre, o país deverá ampliar a produção do óleo em até 50% ao fim da atual década.

“Depois, haverá queda na extração, daí a discussão se devemos explorar a margem equatorial [amazônica]”, diz. “Em países em desenvolvimento, o petróleo continuará tendo papel importante. Não está morto.”

Mas, em meio à corrida por energia limpa e renovável, a AIE alerta para o risco de gargalos na distribuição. Cita “investimentos insuficientes em infraestrutura de rede para acomodar maior participação de energias renováveis”.

Atualmente, cerca de 3.000 GW de capacidade instalada de geração limpa estão à espera de linhas de transmissão, embora mais da metade desses projetos esteja em fase final de conclusão. A construção dessas redes é significativamente mais demorada do que a implantação, por exemplo, de plantas solares.

Fernando Canzian

Fonte: Energia limpa vive boom global e no Brasil e ´cria´ 36 novas usinas de Itaipu (udop.com.br)

Empresa de geração de energia renovável deve criar cerca de 1.500 empregos no Ceará

17 DE OUTUBRO DE 2023 – 15:02 #Ceará #Cúbico Sustainable Investments #Empregos

Joanna Cruz – Ascom SDE – Texto
Carlos Gibaja – Casa Civil – Foto

O Ceará continua avançando na atração de investimentos em energias renováveis. O governador Elmano de Freitas recebeu a diretoria da Cúbico Sustainable Investments, líder em investimentos globais em energia renovável. A empresa será responsável pela construção do Complexo Sobral, que será um dos cinco maiores projetos fotovoltaicos do Brasil. O encontro ocorreu nesta segunda-feira (16), no Palácio da Abolição, em Fortaleza.

Com capacidade instalada de 1.084 MWp e investimento previsto em R$ 3 bilhões, o empreendimento promete gerar cerca de 1.500 empregos diretos durante o pico da obra nos municípios de Sobral e Santana do Acaraú.

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“Conte com o meu empenho para garantir a instalação de empreendimentos como esse no Ceará. Além de colaborar para o processo de transição energética que fundamentará a neoindustrialização no estado e em todo país, é a oportunidade de mais emprego para os cearenses”, finalizou Elmano de Freitas.

Saiba mais

A Cúbico Sustainable Investments, fundada em 2015, lidera projetos de energia renovável no Brasil, Colômbia, México, Uruguai, Estados Unidos, Grécia, Itália, Portugal, Espanha, Reino Unido e Austrália e portfólio que inclui tecnologias eólica onshore, solar fotovoltaica, solar térmica e linhas de transmissão e distribuição, cobrindo toda a cadeia de energia, desde o desenvolvimento e/ou construção até a operação.

Com sede em Londres, possui escritórios regionais em Bogotá (Colômbia), São Paulo (Brasil), Cidade do México (México), Montevidéu (Uruguai), Austin e Nova York (EUA), Madrid (Espanha), Milão (Itália), Atenas (Grécia) e Sydney, Melbourne e Brisbane (Austrália).

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O encontro contou com a presença da secretária das Relações Internacionais (SRI), Roseane Medeiros; do executivo de Gestão Interna do Desenvolvimento Econômico (SDE), George Dantas, representando o titular da SDE, Salmito Filho; a executiva de Atração de Investimentos da SRI, Ludmilla Campos; o executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra, Adão Linhares; e a coordenadora de Empreendimentos Industriais Estruturantes da SDE, Brígida Miola.

Fonte: Empresa de geração de energia renovável deve criar cerca de 1.500 empregos no Ceará – Governo do Estado do Ceará (ceara.gov.br)

Nordeste e Minas Gerais concentram maior parte da geração solar fotovoltaica do país

As usinas solares fotovoltaicas de grande porte já somam mais de 11 GW no Brasil. As maiores ficam no Nordeste e no estado de Minas Gerais, de acordo com dados da Aneel.

Veja a lista das 10 maiores usinas solares em operação no Brasil:

1 – Janaúba

Usina solar fotovoltaica Janaúba 2 da Elera Renováveis, em Minas Gerais (Foto: Divulgação)
Usina solar fotovoltaica Janaúba 2 da Elera Renováveis, em Minas Gerais (Foto: Divulgação)
  • Capacidade total: 1,6 GWp
  • Investimento: R$ 5,2 bilhões
  • Empresa: Elera Renováveis
  • Local: Janaúba (MG)

2 – São Gonçalo

Parque solar São Gonçalo, da Enel, no Piauí, está entre as 10 maiores usinas solares do Brasil. Crédito: Enel/Divulgação
Parque solar São Gonçalo, da Enel, no Piauí, está entre as 10 maiores usinas solares do Brasil. Crédito: Enel/Divulgação
  • Capacidade: 864 MWp
  • Investimento: R$ 2,2 bilhões
  • Empresa: Enel Green Power
  • Local: São Gonçalo do Gurguéia (PI)

3 – Sol do Cerrado

Complexo fotovoltaico Sol do Cerrado (766 MWp) da Vale, em Jaíba (MG). Crédito: Vale/Divulgação
Complexo fotovoltaico Sol do Cerrado (766 MWp) da Vale, em Jaíba (MG). Crédito: Vale/Divulgação
  • Capacidade:  766 MWp
  • Investimento: R$ 3 bilhões
  • Empresa: Vale
  • Local: Jaíba (MG)

4 – Futura

Complexo Solar Futura 1, operado pela Eneva com capacidade de 837 MWp, em Juazeiro, na Bahia. Crédito: Divulgação
Complexo Solar Futura 1, operado pela Eneva com capacidade de 837 MWp, em Juazeiro, na Bahia. Crédito: Divulgação
  • Capacidade: 692,4 MWp
  • Investimento: R$ 3,2 bilhões
  • Empresa: Eneva
  • Local: Juazeiro (BA)

5 – Hélio Valgas

  • Capacidade: 662 MWp
  • Investimento: R$ 2 bilhões
  • Empresa: Comerc
  • Local: Várzea de Palma (MG)

6 – Mandubim

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  • Capacidade: 531 MW
  • Investimento: R$ 2 bilhões
  • Empresa: Equinor/Scatec/Hydro Rein
  • Local: Assu (RN)

7 – Lar do Sol

  • Capacidade: 495 MWp
  • Investimento: R$ 1,6 bilhão
  • Empresa: Powertis (Elecnor/Atlas)
  • Local: Pirapora (MG)

8 – Sol do Sertão

Usina solar fotovoltaica Sol do Sertão, da Essentia Energia, em Oliveira dos Brejinhos (BA). Crédito: Reprodução
Usina solar fotovoltaica Sol do Sertão, da Essentia Energia, em Oliveira dos Brejinhos (BA). Crédito: Reprodução
  • Capacidade: 475 MWp
  • Investimento: R$ 1,4 bilhão
  • Empresa: Essentia Energia
  • Local: Oliveira dos Brejinhos (BA)

9 – Belmonte

  • Capacidade: 455 MWp
  • Investimento: R$ 2 bilhões
  • Empresa: Solatio
  • Local: São José do Belmonte (PE)

10 – Pirapora

  • Capacidade: 400 MWp
  • Investimento: R$ 2 bilhões
  • Empresa: EDF Renewables/Omega Energia
  • Local: Pirapora (MG)

Fonte: https://epbr.com.br/as-10-maiores-usinas-solares-do-brasil/

Energia hidráulica é hoje responsável por 53% da capacidade instalada do país

O cenário é uma ladeira abaixo. Há quatro décadas, 90% da matriz elétrica do Brasil vinha de hidrelétricas –Itaipu, por exemplo, foi construída nessa época. Desde então, essas usinas viram sua representatividade cair, ainda que continuem sendo a principal fonte brasileira.

A energia hidráulica é hoje responsável por 53% da capacidade instalada do país; em sete anos, a fatia terá caído para 42%, segundo estimativas oficiais.

A razão principal do declínio está na migração de investimentos para outras fontes de energia, como eólica e solar, cada vez mais baratas. Com isso, há momentos em que as geradoras hidrelétricas precisam até desperdiçar água, que verte sem produzir energia.

O ano passado registrou recordes desse tipo de processo. Só em fevereiro, as hidrelétricas brasileiras deixaram de produzir 16 gigawatts, cerca de 21% da demanda total daquele mês em todo o país. O valor não considera a energia que foi exportada para Argentina e Uruguai.

Em 1985, a matriz elétrica brasileira era composta basicamente por quatro fontes: água, carvão, petróleo e nuclear; ou seja, só uma renovável –a hidráulica–, ainda que fosse de longe a de maior expressão.

Hoje, são ao menos dez, sendo que seis são renováveis. Entre elas, as queridinhas dos atuais investidores: eólica e solar, que representam 11,5% e 11,8% de toda a capacidade no Brasil. Essas fatias, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), devem ser de 11% e 18% em 2031. A estimativa da capacidade de geração solar considera que toda a energia renovável produzida na geração distribuída em 2031 seja via painéis solares.

“Na cabeça das pessoas, parece que as energias renováveis são só as eólicas e as fotovoltaicas. Como as hidrelétricas são seculares, as pessoas se habituaram com esse recurso no sistema como se ele não merecesse destaque na transição energética”, diz Marisete Dadald Pereira, presidente da Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica).

Em termos de emissões, a mudança na matriz brasileira não tem muitos efeitos. O IPCC (órgão de ciência climática da ONU) calcula que a energia solar emite, em média, 48 gramas de CO2 equivalente por quilowatt-hora (kwh), enquanto a hidráulica emite 24 gramas. É metade, mas em comparação com os grandes emissores é quase nada; o carvão, por exemplo, emite 820 gramas de CO2 equivalente por kwh.

Mas a mudança, segundo especialistas, ameaça a flexibilização do sistema nacional de energia elétrica. Isso porque o Brasil ainda não consegue, em larga escala, armazenar as energias eólica e solar produzidas no país. Com isso, em momentos de menor demanda energética, são as hidrelétricas as responsáveis por diminuir a produção de energia, devido à maior facilidade técnica e porque as energias eólica e solar são mais baratas –nesses casos, as hidrelétricas escoam a água que seria utilizada para a geração de energia, num processo chamado vertimento.

Nessa lógica, quanto mais o sistema ficar dependente de energia solar e eólica, mais as hidrelétricas serão as escolhidas para reduzir a oferta de eletricidade quando a demanda cair -isso se não forem criadas formas de armazenamento de energia no país, como baterias.

“Para gerar energia com essa água, seria necessário que o sistema dispusesse de mais flexibilidade; ou seja, ter mais ativos flexíveis”, diz Tiago de Barros Correia, consultor de energia da RegE Consultoria e ex-diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele defende a criação de baterias e a extensão das linhas de transmissão.

Alguns países, como a China, têm investido em hidrelétricas reversíveis, onde a água não utilizada para a geração de energia fica retida em um reservatório inferior e, durante o período de baixa demanda de energia, volta ao reservatório superior por meio de uma turbina. Esse tipo de hidrelétrica é tido como importante processo de armazenamento de energia. O país asiático tem hoje 50 GW de potência nesse tipo de usina e está construindo outros 88 GW, segundo o site Global Energy Monitor.

Questionado, o Ministério de Minas Energia disse que “esse é um recurso importante que contribui para aumentar a flexibilidade operativa e de atendimento à necessidade de potência do mercado”. A pasta, porém, não citou planos de construção dessas usinas.

Um relatório da AIE (Agência Internacional de Energia) aponta que o desenvolvimento da energia hidrelétrica no Brasil diminuiu devido à disponibilidade limitada de locais economicamente viáveis, à necessidade de diversificação e às preocupações ambientais.

“A geração hidrelétrica, do ponto de vista econômico, é muito atrativa, mas depende do potencial, que é uma queda-d’água preexistente”, afirma Correia, da RegE. “O que aconteceu foi que a gente esgotou os potenciais. Uma ou outra hidrelétrica ainda poderia ser construída, mas na fronteira do planalto com a bacia do rio Amazonas, onde não é barato construir, por não ter linha de transmissão e por a obra ser mais complicada”, diz.

As complicações nas obras estão atreladas a questões ambientais, já que vários desses locais estão em áreas de preservação e terras indígenas, além de haver problemas de logística para transporte de equipamentos, materiais e trabalhadores. A construção de Belo Monte, no Pará, por exemplo, último projeto de grande porte no país, foi cercada de discussões ambientais –e serviu como pivô da saída de Marina Silva do governo Lula, em 2008.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, feito pela EPE, analisou 36 usinas hidrelétricas com registro para estudos de viabilidade na Aneel. Dessas, 20 estão em áreas protegidas ou com os estudos parados. Das outras 16, 8 poderiam começar a operar já nos próximos dez anos. Mas juntas elas totalizam potência de 2 GW –Itaipu tem 14 GW.

Das oito, as que poderiam gerar mais energia estão em Rondônia e Roraima, na floresta amazônica.

Por outro lado, o setor aposta na modernização das atuais hidrelétricas. Um estudo da EPE apontou que as usinas hidrelétricas brasileiras ainda têm capacidade de aumentar em 18,2 GW sua potência, se modernizadas e ampliadas. As que podem alcançar maior geração estão no Paraná, em Pernambuco, em Goiás, em Minas Gerais, em Alagoas e em Sergipe (algumas nas divisas dos estados).

“Você não precisa ir à China ou à Europa buscar equipamento, você tem eles aqui no Brasil. As indústrias estão prontas para entregar isso”, diz Pereira. É incerto, porém, o custo dessas operações. A EPE, em 2019, estimou que o valor variaria de R$ 122 por kW a R$ 634 por kW e, em alguns casos, o retorno financeiro poderia ser menor que as despesas.

A estagnação das hidrelétricas é uma realidade global, com exceção da China, dona das maiores usinas e líder de investimentos neste setor em países emergentes. Segundo a AIE, o país representará 40% do crescimento da capacidade global desse tipo de energia até 2030.

Mas o cenário interno não é dos melhores. E o setor sabe disse: “A gente precisa colocar as hidrelétricas como carro-chefe da transição energética, porque foram elas que possibilitaram a inserção maciça dessas fontes intermitentes, que são as eólicas e as fotovoltaicas. Se não fossem as hidrelétricas, talvez a gente não tivesse o êxito que a gente tem hoje de ter a participação dessas fontes”, diz Pereira.

Fonte: https://www.otempo.com.br/economia/hidreletricas-perdem-espaco-para-eolica-e-solar-e-precisam-desperdicar-energia-1.3337144