Portal Engenharia Solar

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Com investimentos cada vez mais consistentes e regulares, a construção de usinas de grande porte é determinante para que a energia fotovoltaica adquira mais importância na matriz energética brasileira. Entre os empreendimentos que prometem ampliar a geração de energia renovável no país está o projeto Apodi, desenvolvido pela norueguesa Statoil em joint-venture com a Scatec Solar no município de Quexeré, a 218 quilômetros de Fortaleza, no Ceará. Com capacidade para gerar 162 MW de energia – o suficiente para atender a 160 mil residências –, as obras do complexo estão em andamento, com previsão de entrega até o final de 2018. Em execução pela ENGM Energia, o projeto prevê a cravação de 36 mil estacas, a 1,60 m de profundidade, capazes de suportar as placas fotovoltaicas.

Geralmente, as usinas são construídas em, no máximo, um ano, e o prazo para a cravação das estacas não passa de 90 diasFlávio Leite

ASPECTOS CONSTRUTIVOS

As obras civis para a construção de uma usina fotovoltaica de solo envolvem a realização de uma série de montagens eletromecânicas e elétricas. O início de tudo, porém, é a realização de um estudo aprofundado sobre as condições geológicas locais. Só a partir daí é possível determinar a profundidade e o método para a cravação dos perfis de aço que irão estruturar os painéis solares. As estacas precisam ser cravadas no solo sem que as condições do tempo (principalmente vento), o formato da estaca ou a composição do solo interfiram no potencial energético, gerando sombras ou outras barreiras.

De modo geral, solos arenosos apresentam baixa coesão e estabilidade para cravação de perfis metálicos, ao contrário dos solos mais argilosos.No caso cearense, as condições do terreno não eram das mais favoráveis. Paulo César Möller, diretor da ENGM, conta que havia trechos com rocha calcária que demandaram a mobilização de perfuratriz hidráulica para a realização de pré-furos.

CRAVAÇÃO DE ESTACAS

Uma particularidade da construção de usinas solares é a cravação de um amplo número de estacas, em distâncias e profundidades uniformes ao longo de todo o terreno. Outra característica muito comum a essas obras é o tempo de execução enxuto. “Geralmente, as usinas são construídas em, no máximo, um ano, e o prazo para a cravação das estacas não passa de 90 dias”, diz Flávio Leite, gerente geral da Vermeer.

Tais condições tornam fundamental a especificação e o uso corretos de um cravador de estacas que garanta alta produtividade, confiabilidade e robustez. “Para assegurar a precisão na instalação vertical das estacas, os cravadores devem ser dotados de recursos como autoprumo, laser ou GPS”, cita Leite.

Há máquinas mais pesadas, que são consequentemente mais lentas, e modelos mais leves e velozes. Em Apodi, o modelo mais pesado acabou se mostrando mais adequado por oferecer maior capacidade de pressão diante de um solo mais compactadoPaulo César Möller

Na hora de escolher e dimensionar esse tipo de equipamento, outros fatores a serem considerados são a ergonomia, a facilidade de operação, a manutenção simplificada, além do suporte e da reposição de peças por parte do fornecedor.

Em Apodi, visando a assegurar a produtividade necessária e racionalizar custos operacionais, foi utilizado um modelo autopropelido composto de martelo hidráulico com potência de 1.350 joules, capaz de instalar estacas de três tamanhos. Com eletrônica embarcada, o equipamento informa ao operador os dados em tempo real do ângulo e da altura das estacas à medida que elas vão sendo inseridas no solo.

Segundo Möller, a especificação da cravadora de estacas não pode deixar de levar em conta as condições do local da obra. “Há máquinas mais pesadas, que são consequentemente mais lentas, e modelos mais leves e velozes. Em Apodi, o modelo mais pesado acabou se mostrando mais adequado por oferecer maior capacidade de pressão diante de um solo mais compactado”, revela o diretor da ENGM.

AUMENTO DA ENERGIA LIMPA

A expectativa é de que a geração de energia elétrica fotovoltaica no Brasil alcance 7 mil MW até 2024, sem contar com a geração distribuída. Segundo o planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), na próxima década, a potência instalada de energia proveniente do sol representará quase 4% da potência total brasileira. Atualmente, a fonte é responsável por apenas 0,02% da potência elétrica do país.

COLABORAÇÃO TÉCNICA

Paulo César Möller – Diretor técnico e comercial da ENGM Energia
Flavio Leite – Gerente geral da Vermeer Brasil e presidente do Conselho Deliberativo da Abratt (Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva)

Dos R$ 5,5 bilhões que a Mercury Renew planeja investir para implantar 2 gigawatts de energia solar no Brasil até 2025, pelo menos R$ 3 bilhões serão destinados a projetos em Minas Gerais. Já são três usinas confirmadas a serem construídas nos municípios de Várzea de Palma e Paracatu, no Norte do Estado, totalizando mais de 1 gigawatt de geração. O maior deles diz respeito à usina Hélio Vargas, em Várzea de Palma, que já conta com contrato de compra e venda de energia (PPA) assinado com a Liasa, uma das maiores produtoras de silício metálico do mundo. O projeto é de 650 megawatt-pico (MWp), com investimento de R$ 1,7 bilhão e início da operação previsto para 2023.

Segundo o CEO da Mercury Renew, Pedro Fiuza, a construção da usina será iniciada nos próximos meses e as operações estão previstas para o primeiro trimestre de 2023. Neste momento, a Mercury está finalizando o processo de compra de equipamentos para montagem do parque solar. “Apenas esse projeto vai gerar 700 empregos diretos no pico das obras. É um dos diferenciais do setor, que é intensivo em mão de obra”, ressaltou.

O contrato com a Liasa, de 20 anos de suprimento de energia, foi celebrado na modalidade de autoprodução, dando à empresa a possibilidade de se tornar sócia do empreendimento futuramente.

Segundo Fiuza, os demais projetos de energia solar da Mercury Renew em Minas são outra usina em Várzea da Palma, essa com capacidade de geração de 120 MWp e uma terceira em Paracatu, com 275 MWp – ambas previstas para operar a partir de 2024. Além disso, haverá ainda usinas em Bom Nome (PE), com 130 MWp e Castilho (SP), com 270 MWp.

Todos foram desenvolvidos pela Solatio, maior desenvolvedora de projetos solares da América Latina. Com mais de 20 anos de experiência no setor fotovoltaico e com mais de 120 projetos na Europa, a Solatio está no Brasil desde 2009 e tem mais de 6 GW desenvolvidos. A Mercury Renew firmou contrato com a Solatio que lhe dará acesso prioritário aos projetos da companhia.

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Fiuza afirma que um dos projetos vai gerar 700 empregos | Crédito: Divulgação

Meta – O executivo também destacou que a Mercury Renew é a junção das expertises da gestora de recursos Perfin e da Servtec Energia (https://diariodocomercio.com.br/economia/perfin-preve-aportes-de-r-55-bi-em[1]geracao/). A meta da empresa é tornar-se líder no setor de geração de energia renovável no Brasil. E que a nova companhia terá como objetivo maior a construção de projetos solares, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste, visando à venda da produção dos parques diretamente a empresas que adquirem o suprimento no mercado livre de energia, onde atuam principalmente grandes indústrias e comércios.

 “Estamos vivendo um processo de descarbonização da economia e uma preocupação crescente com ESG por parte das empresas. Vemos um grande potencial no mercado brasileiro para geração de energia renovável, especialmente solar, e vamos contribuir para consolidar essa mudança, atendendo principalmente o mercado livre”, disse.

Há mais de 20 anos no setor elétrico, a Servtec Energia opera usinas que somam mais de 1.000 MW de potência, nas mais diversas fontes. Já a Perfin investe no setor de energia desde 2007 e tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão, sendo mais de R$ 4 bilhões em ativos desse segmento.

Estado atinge a capacidade de 1 GW

Minas Gerais ultrapassou a marca de 1 GW de potência instalada de geração distribuída de energia solar fotovoltaica. O marco mantém o Estado na posição de líder em geração distribuída de energia solar no País, sendo responsável por 18% de todo o potencial instalado no Brasil. São 844 cidades abastecidas com geração própria, o que resulta em 98,9% dos municípios mineiros.

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia renovável é fornecida por 84.248 usinas de microgeração e minigeração instaladas no estado, que beneficiam mais de 120.929 consumidores e evitam a emissão de aproximadamente 394 mil toneladas de gases de efeito estufa por ano. Sob a gestão do governador Romeu Zema, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) vem desenvolvendo ações e projetos para atração de investimentos nesse setor.

“Este registro é mais um resultado do nosso trabalho, comprovando que Minas Gerais possui o melhor ambiente de negócios para investimentos”, destaca o secretário Fernando Passalio. O secretário ressalta, ainda, o projeto Sol de Minas, que atua na manutenção e melhoria desse ambiente de negócios, em todos seus aspectos, como tributário, ambiental, regulatório e de financiamento.

Recorde -A marca de 1 GW de potência instalada, alcançado na quarta-feira (19), representa aproximadamente R$ 4,5 bilhões efetivamente investidos pelos mineiros para geração da própria energia, no sistema de compensação da Aneel, a partir da fonte solar fotovoltaica. Esses empreendimentos garantem a geração de empregos, formação de profissionais técnicos e qualificados e produção de renda.

Capacitação – A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico realizará nos dias 20 e 21 de junho, de forma gratuita, a segunda capacitação de gestores municipais do projeto Estratégico Sol de Minas. O período de inscrição está aberto e os membros da administração pública dos municípios interessados têm até o dia 17 de junho para confirmar a participação.

A capacitação é uma oportunidade de trocar experiências sobre o setor de geração de energia fotovoltaica e conta com palestras de órgãos referência no assunto como o Indi, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Banco do Nordeste.